UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME


Ángel Díaz Barriga

O texto de BARRIGA mostra que houve uma inversão da pedagogia centrada no exame, já que esta proposta de realizar exames como manejo estatístico dos dados, construção dos reativos, objetivos, entre outros, contribuiu ao empobrecimento da visão sobre a educação, já que a pedagogia do exame criou mais problemas para a educação do que resolveu, visto que todo mundo sabe que o exame é o instrumento a partir do qual se reconhece administrativamente um conhecimento, mas igualmente reconhece que o exame não indica realmente qual é o saber de um sujeito.
É natural vermos e pensar que depois de uma aula os estudantes devem ser examinados para valorar se adquiriram o conhecimento apresentado. Devemos perceber que o exame não indica aprendizado, já que o exame não é um problema ligado historicamente ao conhecimento, é um problema marcado pelas questões sociais, sobretudo aquelas que não pode resolver.
Concordo com a opinião de BARRIGA, quando este fala que o exame aparece permanentemente como um espaço super-dimensionado já que colocamos problemas de ordem econômica, social e psicopedagogica.  BARRIGA ainda complementa que o exame é só um instrumento que não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras instâncias sociais, já que não pode ser justo quando a estrutura social é injusta; não pode melhorar a qualidade da educação quando existe uma drástica redução do subsídio e os docentes se encontram mal pagos. Vejamos que estamos obrigados a manifestar que o exame é um espaço onde se realizam muitas inversões das relações sociais e das pedagógicas.
No texto o autor cita a afirmação de Muller que diz que “O prazer do estudo se acabou, o jovem pensa só no exame”, presenciamos isso perante nossa sociedade, pois a estudante pensa em estudar o suficiente para passar no exame que tem intuito de certificar e promover, o estudante não possui mais o intuito de aprender.
BARRIGA mostra no texto que o exame não só inverte as relações sociais e as apresenta só numa dimensão pedagógica e inverte os aspectos metodológicos para apresenta-los numa dimensão de eficiência técnica, mas que, também, se conforma historicamente como um instrumento ideal de controle.
Perante nossa sociedade foi sendo abandonado o conceito exame, substituído pelo termo prova objetiva. Mas a promessa continuou sendo a mesma. Explicitamente, cientificidade e objetividade, e implicitamente, controle e democracia. A literatura pedagógica convulsivamente se voltou para os problemas técnicos da construção de provas, seu manejo estatístico, elaboração de planos e programas, organização de sequências de aprendizagem. Deixando de lado a aproximação teórica, científica e a ética sobre a educação.
Atualmente toda noção de avaliação da aprendizagem remete a uma medição, avaliação esta que pode ser vista como atitude crítica que vai além do exame, dentro de um sistema de ensino integral  é o controle do que se faz em sala e fora dela. Inversões no do sistema de avaliação ocasionam traições que giram em relação ao exame, como exemplo copiar do companheiro, levar anotações do exemplo em pequenos pedaços de papéis, dar aula em função do exame preparado. Esta traição já começa pelos professores que só preparam os alunos para resolver eficientemente os exames e os alunos só se interessam por aquilo que representa pontos para passar no exame.
A atribuição de notas para BARRIGA não responde a nenhum problema educativo nem está forçosamente ligada a aprendizagem, trazendo sua tarefa mais próxima do poder e do controle. Transformando a nota como uma convenção através da qual a escola certifica um conhecimento. Concluindo que a pedagogia, ao preocupar-se tecnicamente com os exames e notas, caiu numa armadilha que a impede de perceber e estudar os grandes problemas da educação


Referência:

BARRIGA, Ángel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. T. Ed. Rio de Janeiro:  DP&A, 2003, p. 51-82.

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